Tag: Marta Morais da Costa

Consultório editorial (1)

Minha mesa de trabalho é a oficina do Ão, do Cujo, do Sem Nome. Papéis de todos os formatos, em blocos ou avulsos. Textos fotocopiados e encadernados com capas de muitas cores, espirais, grampos e prendedores. Livros impressos – alguns bem mal-impressos – de diferentes espessuras, de formatos os mais estapafúrdios – muito grandes, diminutos, redondos, com ou sem vazados, em tecido e plástico... Por dentro, ilustrações que vão do desenho medíocre ao regular, do figurativo ao geométrico, de Da Vinci a Romero Britto. Enfim, a mixórdia habitual da mesa de um editor de literatura para crianças. Esqueci de incluir...

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Fazendo a(de) conta

Em tempos idos de meu magistério em Letras, sempre me causou espécie a justificativa de alguns alunos para a escolha do curso: “É porque detesto matemática!”. Esquecendo a modéstia, devo confessar que sempre fui excelente aluna em números, equações e pensamento lógico. Mas a paixão pela literatura arrastou-me às letras. Ainda sou boa em cálculos. Sei fazer contas de cabeça (atualmente, essa qualidade é um espanto!), sei calcular porcentagem sem calculadoras e brincar de regra de três. Consigo com facilidade ler gráficos e interpretar estatísticas. Curiosíssima, sempre estou à procura de informações e notícias sobre descobertas científicas. A tecnologia me...

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O novato

A sala de aula era governada pela bagunça. Sobre as carteiras, o material escolar e as mochilas, desordenados, aguardavam o silêncio e os inevitáveis trabalhos que viriam a preencher as horas daquela manhã de sol. Os alunos, ah! estes eram massa confusa de falas, risos, gritos e, de vez em quando, xingamentos e gestos rudes. Nada parecia durar para sempre. Ou melhor, tudo duraria até a chegada do novo professor. Ricardo, o mais destemido, já conseguira algumas informações sobre ele. Diziam que era severo. Diziam que era simpático. Diziam que era disciplinador. Ninguém da sala acreditou. Naquele território mandavam os...

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Ausência

Paciência, leitor, me conceda generosamente um voto de confiança. Proponho a você que adote uma posição desafiadora, do tipo: “Quero só ver como a crônica vai juntar lé com cré!”. Se você assim proceder, agradeço por continuar a ler. Debitarei esse voto à inclinação que você tem pela curiosidade. Ponto positivo para um bom leitor.

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Memória: como assim?

Ter boa memória é lembrar todos os fatos e pessoas que estiveram presentes em algum momento da vida? Ter boa memória é alguém ser capaz de esquecer e guardar apenas o que, tendo sido vivido, foi significativo para ele? Ter boa memória é ser capaz de dizer de cor toda a tabela periódica de química, as fórmulas de física, as capitais africanas, os números primos e os diferentes empregos do “que”?

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